Ensinamentos sobre São José, por Joseph Ratzinger, Papa


 
Ensinamentos sobre São José
Joseph Ratzinger
Papa Bento VI

À sua intercessão (São José) confio as expectativas da Igreja e do mundo inteiro. Juntamente com a Virgem Maria, sua esposa, ele oriente sempre o meu e o vosso caminho, a fim de que possamos ser instrumentos jubilosos de paz e de salvação.  

José teve confiança em Deus, quando ouviu o Anjo, seu mensageiro, dizer-lhe: "José, Filho de Davi, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é furo do Espírito Santo (Mt 1,20)".  Na história, José é o homem que deu a Deus a maior prova de confiança, precisamente face a um anúncio tão assombroso. 
Ensinamentos do Papa Bento XVI por ocasião 
da inauguração da Fonte de São José nos jardins do Vaticano


São José, figura querida do coração do Povo de Deus e do Papa Bento XVI.

Esta fonte é intitulada a São José, figura querida e próxima do coração do Povo de Deus e do meu coração. Os seis painéis de bronze que a enriquecem evocam seis momentos da sua vida. Desejo meditar brevemente sobre eles. (Papa Bento XVI)

O primeiro painel: As Bodas de José e Maria

O primeiro painel representa as bodas de José e Maria; trata-se de um episódio que tem grande importância. José pertencia à linhagem real de Davi e, em virtude do seu matrimônio com Maria, conferirá ao Filho da Virgem – ao Filho de Deus – o título legal de "filho de Davi", cumprindo assim as profecias. Por isso, as bodas de José e Maria são um acontecimento humano, mas determinantes na história da salvação da humanidade, na realização das promessas de Deus; portanto, possuem também uma conotação sobrenatural, que os dois protagonistas aceitam com humildade e confiança. (Papa Bento XVI)


O segundo painel: A Anunciação a São José

Para José chega depressa o momento da provação, uma prova exigente para a sua fé. Noivo de Maria, antes de ir viver com ela, descobre a misteriosa maternidade e permanece perturbado. O evangelista Mateus sublinha o fato de que, sendo justo, não queria difamá-la e portanto resolveu deixá-la secretamente (cf. Mt 1, 19). Mas durante um sonho – como está representado no segundo painel – o anjo fez-lhe compreender que o que estava a acontecer com Maria era obra do Espírito Santo; e José, confiando em Deus, dá o seu consentimento e coopera com o plano da salvação. Sem dúvida, a intervenção divina na sua vida não podia deixar de inquietar o seu coração. Confiar em Deus não significa ver tudo claramente, segundo os nossos critérios, não significa realizar aquilo que nós mesmos programamos; confiar em Deus quer dizer esvaziar-se de si mesmo, renunciar a si próprio, porque só quem aceita perder-se por Deus, pode ser "justo" como São José, ou seja, pode conformar a própria vontade com a de Deus e deste modo realizar-se a si mesmo. (Papa Bento XVI)

O terceiro painel: O Nascimento de Jesus

Como sabemos, o Evangelho não conservou alguma palavra de José, que desempenha a sua atividade em silêncio. É o estilo que o caracteriza em toda a existência, quer antes de se encontrar diante do mistério da obra de Deus na sua esposa, quer quando – consciente deste mistério – está ao lado de Maria na Natividade – representada no terceiro painel. Naquela noite santa em Belém, com Maria e o Menino, encontra-se José, a quem o Pai celestial confiou o cuidado quotidiano do seu Filho na terra, um cuidado levado a cabo na humildade e no silêncio. (Papa Bento XVI)

O quarto painel: A Fuga para o Egito

O quarto painel reproduz a cena dramática da Fuga para o Egito, a fim de se subtrair à violência homicida de Herodes. José é obrigado a deixar depressa a própria terra com a sua família: trata-se de outro momento misterioso na sua vida; mais uma provação em que se lhe pede que haja plena confiança no desígnio de Deus. (Papa Bento XVI)

O quinto painel: O Encontro de Jesus Adolescente no Templo

Depois, nos Evangelhos, José aparece sozinho no episódio sucessivo, quando vai a Jerusalém e vive a angústia de ter perdido o seu filho Jesus. São Lucas descreve a busca ofegante e o seu assombro, ao encontrá-lo no Templo – como nos sugere o quinto painel – mas ainda mais a admiração ao ouvir as palavras misteriosas: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai" (Lc 2, 49). Esta dúplice interrogação do Filho de Deus ajuda-nos a compreender o mistério da paternidade de José. Recordando aos seus pais o primado daquele a quem Ele chama "meu Pai", Jesus afirma a primazia da vontade de Deus sobre todas as demais vontades e revela a José a profunda verdade da sua função: também ele é chamado a ser discípulo de Jesus, dedicando a própria existência ao serviço do Filho de Deus e da Virgem Mãe, em obediência ao Pai celestial. (Papa Bento XVI)

O sexto painel: O Trabalho de Jesus e José na Oficina de Nazaré.

O sexto painel representa o trabalho de José na oficina de Nazaré. Jesus trabalhou ao seu lado. O Filho de Deus está escondido aos homens e somente Maria e José guardam o seu mistério, vivendo-o no dia-a-dia: o Verbo encarnado cresce como homem, à sombra dos seus pais, mas ao mesmo tempo eles permanecem escondidos em Cristo, no mistério d'Ele, vivendo a sua própria vocação. (Papa Bento XVI)

Consagração da Igreja e do Mundo a São José.

Caros irmãos e irmãs, esta bonita fonte dedicada a São José constitui uma evocação simbólica dos valores da simplicidade e da humildade no cumprimento quotidiano da vontade de Deus, valores que distinguiram a vida silenciosa mas inestimável do Guarda do Redentor. À sua intercessão confio as expectativas da Igreja e do mundo inteiro. Juntamente com a Virgem Maria, sua esposa, ele oriente sempre o meu e o vosso caminho, a fim de que possamos ser instrumentos jubilosos de paz e de salvação. (Papa Bento XVI)
Ensinamentos sobre São José do Papa Bento XVI.

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