Irmão André Bessete, o Hulimde Porteiro e devoto de São José, é canonizado.

Irmão André Bessette: humilde porteiro que será canonizado


Pertencia à Congregação da Santa Cruz, no Canadá

Por Carmen Elena Villa
ROMA, quarta-feira, 1º de setembro de 2010 (ZENIT.org) –

“Estou-lhes enviando um santo”. Essas foram as palavras do padre André Provençal, que conheceu o jovem Alfred Bessette e decidiu apresentá-lo à Congregação da Santa Cruz, em Montreal. Em seguida, o aspirante tomou o nome de irmão André.
O Papa Bento XVI o canonizará no dia 17 de outubro, junto com outros cinco beatos. Será o primeiro santo desta congregação. Milhares de pessoas ainda visitam seu túmulo, localizado no santuário São José, que ele mesmo mandou construir no chamado Monte Royal, em Montreal.
Em conversa com ZENIT, seu vice-postulador disse que os fiéis “manifestaram por escrito seu desejo de que a Igreja reconhecesse o quanto antes a santidade do humilde amigo dos pobres e aflitos”.
Infância
Bessette nasceu em 1845 em um povoado chamado Mont-Saint-Grégorie, a 40 km de Montreal, no Canadá, no seio de uma família operária. Quando pequeno, tinha tantas complicações de saúde que seus pais quiseram batizá-lo no mesmo dia que nasceu, pensando que não sobreviveria. Mas morreu aos 91 anos.
Ficou órfão de pai aos 9 anos e de mãe aos 12. Ele e seus 11 irmãos ficaram sob o cuidado de sua tia Rosalie Nadeau e de seu esposo Timothée.
“Maria e José converteram-se em seus pais adotivos”, indicou o padre Laciabell. “Este período permitiu ao irmão André consolidar fortemente sua relação com Deus, ao invés de se afastar, pelos lamentáveis acontecimentos de sua vida”, assegurou.

Ele tinha 20 anos quando viajou aos EUA junto com um grupo de imigrantes para trabalhar no setor textil. Em 1867 regressou ao Canadá para realizar outros trabalhos. Foi quando seu pároco quis enviá-lo à Congregação da Santa Cruz, onde inicialmente foi rejeitado pelos problemas de saúde que continuavam ao longo de sua vida. Mas o bispo de Montreal, Dom Ignace Bourget, pediu que reconsiderassem a decisão, e Alfred foi aceito em 1872.
Porteiro
O irmão Bessette foi designado como porteiro do colégio de Nossa Senhora das Neves, próximo de Montreal. Também realizava outros trabalhos ocasionais. Mas ele quis fazer deste um trabalho que fosse algo mais que abrir a porta. “Ele recebia os visitantes e seus parentes. O próximo convertia-se assim na realidade mais importante para o irmão André”, disse seu vice-postulador.
Sua vida espiritual, suas palavras simples mas cheias de sentido fizeram que cada vez mais as pessoas falassem do porteiro daquele colégio. Muitos enfermos iam lhe pedir consolo, oração e conselhos. “Ele sabia que não se pode amar verdadeiramente a Deus sem amar o próximo nem amar os demais, sem reconhecer a presença de Deus neles”, assegurou o vice-postulador.
“Uma multidão diária de enfermos, aflitos e pobres de todos os tipos, de deficientes e feridos pela vida encontravam nele, sentado na portaria do colégio, acolhida, escuta, apoio e fé em Deus”, disse o Papa João Paulo II durante a homilia de sua beatificação, em maio de 1982. O irmão Bessette dava a todos o mesmo conselho: buscar a intercessão de São José, orar e acorrer aos sacramentos.
Ele dizia aos enfermos que se ungissem com o óleo da lâmpada que havia em uma capela que tinha o nome do santo. Muitos fiéis que fizeram isso ficaram curados, apesar de estarem desenganados pelos médicos. Alguns começaram a dizer que este religioso fazia milagres. Ele insistia que o responsável pelas curas era São José. E por isso, em 1904, teve a iniciativa de construir um santuário em sua honra.
O irmão Bessette começou a reunir um número cada vez maior de seguidores, mas sua vida provocou também algumas reações adversas. Entre eles o doutor Josep Charette, que ridicularizava suas atitudes. Um dia, sua esposa teve uma forte hemorragia nasal, que não se detinha de nenhuma maneira. Ela pediu para ser levada ao religioso, mas o médico recusou. “Você diz que me ama mas é capaz de me deixar morrer sangrando?”, disse a mulher. Charette dirigiu-se a Bessette, que lhe respondeu: “Doutor, regresse a casa, que a hemorragia já se deteve”, e assim foi.
Em 1924, culminou a construção do oratório. “Irmão André não foi só o construtor de um edifício de pedra, mas de uma comunidade cristã vivente. Converteu-se em um notável unificador”, assinalou o padre Mario.
Bessette morreu em 1937. “Nunca se trouxe uma pessoa enferma a André que não regressasse contente a sua casa. Algumas eram curadas. Outras morriam algum tempo depois, mas o irmão André as consolava”, dizia um de seus amigos.
“Mais de um milhão de pessoas foram render-lhe homenagem, apesar de seus funerais terem-se celebrado sob mau tempo, no inverno. E ainda hoje, mais de dois milhões e meio de peregrinos e visitantes vêm todos os anos ao oratório de São José em Monte Royal”, afirma o padre Lasciabell.
“Em uma época difícil para a Igreja canadense, os crentes deste país se alegram por constatar que Deus está entre eles e que isso manifesta sinais inequívocos de sua presença”, diz o vice-postulador.