Jesus, o Filho do Carpinteiro (do discurso do Papa Paulo VI em março de 1964)

Do discurso de Paulo VI aos trabalhadores em 19 de março de 1964.

Hoje, o nosso olhar e a nossa devoção se detêm em São José, o carpinteiro silencioso e trabalhador, que deu a Jesus não o nascimento, mas o estado civil, a categoria social, a condição econômica, a experiência profissional, o ambiente familiar e a educação humana.

Devemos meditar bem este relacionamento de São José com Jesus, porque pode nos ajudar a compreender muitas coisas do desígnio de Deus, que vem a este mundo, ao meio dos homens como Mestre e Salvador.

Em primeiro lugar, é certo que São José assume uma grande importância, visto que o Filho de Deus que se fez homem o escolhe pessoalmente para revestir-se de sua aparente filiação.


Jesus era chamado “filho do carpinteiro” (Mateus 13,55) e o carpinteiro era José.


Jesus Cristo quis assumir sua qualificação humana e social deste operário, deste trabalhador, que certamente era um homem bom, tanto que o Evangelho o chama de “justo” (Mateus 1,19), isto é, honesto, direito, e que por isso se coloca diante de nós como homem perfeito, modelo de toda virtude, homem santo.


Há mais, porém: a missão que São José desempenha na cena evangélica não é só a da figura pessoalmente exemplar e ideal: é uma missão que ele exerce ao lado, ou melhor, acima de Jesus: ele será considerado o pai de Jesus (Lucas 3,23), será o seu protetor e defensor. Por isso a Igreja, que é o Corpo Místico de Cristo, declarou São José o seu protetor, e hoje o venera como tal, e assim o apresenta ao nosso culto e à nossa meditação.

Estávamos falando de São José protetor de Jesus adolescente, durante a sua vida térrea, e protetor da Igreja universal.


Agora prestem atenção.


São José era um trabalhador. Recebeu a incumbência de proteger a Cristo. Vocês também são trabalhadores: vocês teriam força e coragem para cumprir essa mesma missão, proteger a Cristo? Ele o protegeu nas condições, situações, acontecimentos e dificuldades da história evangélica; vocês gostariam de protegê-lo no mundo em que vivem, no mundo do trabalho, no mundo industrial, no mundo das contestações sociais, no mundo moderno?


Talvez vocês não tenham pensado que a festa de São José pudesse ter condições tão inesperadas e tão diretamente voltadas para as suas opções pessoais, uma função que parece totalmente dele ou, pelo menos, mais dele do que de vocês: a missão de defender os interesses de Jesus e cuidar dele na sociedade de hoje