Os Santos Esposos, José e Maria

Os Santos Esposos


“José, filho de Davi, não temas receber contigo Maria, tua esposa, pois o que nela foi gerado é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,20-21).


O mensageiro dirige-se a José como “esposo de Maria”; dirige-se a quem, a seu tempo, deverá pôr tal nome ao Filho que vai nascer da Virgem de Nazaré, desposada com ele. Dirige-se a José, portanto, confiando-lhe os encargos de um pai terreno em relação ao Filho de Maria.


“Despertando do sono, José fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu a sua esposa” (Mt 1,24).


Ele recebeu-a com todo o mistério da sua maternidade; recebeu-a com o Filho que havia de vir ao mundo, por obra do Espírito Santo: demonstrou deste modo uma disponibilidade de vontade, semelhante à disponibilidade de Maria, em ordem àquilo que Deus lhe pedia por meio do seu mensageiro. Redemptoris Custos 1 a 3



O matrimônio de José e Maria foi um verdadeiro matrimônio, mas ainda é grande o número de cristãos que parecem esquecer-se desta verdade e tem uma devoção “isolada” por Maria ou por José.


Entendemos que seja normal que em alguns momentos do ano litúrgico seja dado um maior destaque à pessoa de José, ou à de Maria. Mas não podemos entender como certo que isto ocorra durante o ano todo e de modo sistemático. Assim como a vida e o ministério de ambos esteve intimamente unidos, assim também os mesmos devem permanecer unidos em nossa devoção.


Neste mês de janeiro, em que celebramos a liturgia dos Santos Esposos, José e Maria no dia 23 de janeiro, portanto logo a seguir à Festa do Natal e da Epifania, somos chamados a uma importante reflexão: para cumprir com fidelidade a missão de preparar Jesus para a sua missão Salvadora, como manifestada pelos anjos no Natal, e sabendo que a Salvação não está destinada apenas ao “povo eleito” do Antigo Testamento mas a todos os povos, como manifestado a José e a Maria pela presença e adoração dos Sábios, José e Maria precisaram, e quiseram precisar, um do outro.


No Natal os casais são chamados a descobrir que Deus está presente em sua família, transformando-a em Igreja doméstica.


Na Epifania, os casais são chamados a descobrir que Deus os quer missionários: Deus quer estar não apenas em sua família, mas em todas as famílias.


Na festa dos Santos Esposos, os casais são chamados a descobrir que a parte principal desta sua missão está no testemunho.


Com dizia o Papa João Paulo II: “Com toda a sua vida, com sua convivência e com o estilo de sua existência, vocês (casais) constroem a Igreja na sua dimensão mais reduzida mas, ao mesmo tempo, fundamental – a “Ecclesiola”. De fato, também a pequena “Igreja doméstica” é desejada expressamente por Deus e é fundada por Cristo e sobre Cristo: tem como missão essencial anunciar o Evangelho, transmitir a Salvação eterna aos seus membros e, para isto, possui, como força interior, a luz e a graça do Espírito Santo” (João Paulo II)


Para os casais que enfrentam dificuldades os Santos Esposos mostram, com sua vida simples e laboriosa, que até mesmo as dificuldades podem fortalecê-los ainda mais quando encontrarem um no outro e ambos em Jesus a força para superar os obstáculos e as dificuldades.


Para os casais que “não podem” ter filhos, o exemplo de São José mostra que para ser pai de verdade não é necessário gerar o filho na carne, mas acolhe-lo no coração e na vida.


Para os casais que querem “proteger” seus filhos das adversidades, os Santos Esposos testemunham que prepararam Jesus para a o serviço e a doação, até mesmo ao ponto de dar a própria vida.


Para os casais que preocupam-se tanto com o bem estar e o futuro de seus filhos a ponto de esquecer-se do mais importante, os Santos Esposos testemunham que existe algo essencial, que jamais lhes será tirado, a amizade e a intimidade com Cristo.


Para os casais que valorizam demasiadamente o “ter”, os Santos Esposos testemunham que o mais importante está no “ser”.


Para todos os casais de todos os tempos os Santos Esposos testemunham que cada um deve alegrar-se pelas maravilhas que o Senhor esteja realizando na vida do outro. Mais ainda: cada qual deve contribuir para a abertura do outro à ação de Deus em sua vida.


Para todos os casais de todos os tempos os Santos Esposos testemunham que os valores evangélicos são “palavras de vida eterna”, que jamais passarão. Vale a pena confiar em Cristo e em suas orientações.


Para todos os casais de todos os tempos os Santos Esposos testemunham que a Mãe Igreja é a casa de todos e a Casa do Pai, e que tem por missão acolher e santificar todas as Igrejas domésticas. São José é o Patrono da Igreja Universal, incluindo portanto todas as Igrejas domésticas.

Fonte: Semente Josefinas - Centro de Espiritualidade Josefino Marelliana