SÃO JOSÉ, SERVO BOM, FIEL E PRUDENTE.

SÃO JOSÉ, SERVO BOM, FIEL E PRUDENTE.
Dom Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do Rio Preto.


(Homilia da Solenidade de São José, na Catedral de São José do Rio Preto, SP, em 19 de marços de 2013.)

INTRODUÇÃO:
Alegres com o Pontificado do Papa Francisco, iniciado há sete dias, em 13 de março, nos encontramos na Catedral, nesta promissora cidade de São José do Rio Preto, celebrando a Solenidade de São José, esposo da Bem-Aventurada Virgem Maria e pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nossa oração é de gratidão a Deus pela pessoa de São José na vida e missão da Igreja; agradecemos a Deus a contínua proteção concedida a nossa cidade pela intercessão de nosso padroeiro, ao longo dos seus cento e sessenta e um anos. Deus seja louvado!

UMA PROMESSA A DAVI
A promessa de Deus a Davi, que ouvimos na primeira leitura do Segundo Livro de Samuel, realiza-se sem dúvida, imediatamente, em Salomão. É também uma profecia que descortina o horizonte da salvação e aponta para Nosso Senhor Jesus Cristo, pois n’Ele Deus estabelece morada entre nós; n’Ele Deus se revela Pai e nos faz filhos seus; n’Ele ocorre a presença estável e definitiva, embora incompleta, do Mistério do Reino de Deus no mundo e na história.

Se a profecia da primeira leitura aponta para Nosso Senhor Jesus Cristo, a sua presença mundo e na história conta com a humilde, significativa e vital contribuição de São José, seu “pai adotivo”.

NA LINHAGEM DE ABRAÃO
Na segunda leitura, da Carta de São Paulo aos Romanos, o centro é a salvação pela fé, dom de Deus a todos. Para ilustrar a experiência da vida de fé, como confiança extremada em Deus, São Paulo recorre à pessoa do Patriarca Abraão, “pai de muitos povos”, “contra toda esperança ele firmou-se na esperança e na fé”.

À luz deste texto, aplicado a São José, a liturgia olha para o pai adotivo de Jesus como um dos patriarcas, o último, que une o antigo e o novo testamento, no limiar da realização da esperança salvadora. São José é compreendido como homem de fé, à semelhança de Abraão, ele crê na Palavra que Deus lhe dirige através dos sonhos. Ele crê e confia!

SÃO JOSÉ NA SAGRADA FAMÍLIA
O texto do evangelho proclamado, segundo São Mateus, mostra uma cena das origens da Sagrada Família: São José estava noivo de Nossa Senhora; diante da inusitada gravidez da Virgem Maria, São José pensa em afastar-se, pois não compreende o que está acontecendo; Deus intervém através de um anjo, explica a São José a obra do Divino Espírito Santo em Nossa Senhora e dá-lhe orientações para o que deve fazer. Tudo acontece em sonho. O último versículo sintetiza a natureza da pessoa e da ação de São José: “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado.”

SÃO JOSÉ, SERVO BOM, FIEL E PRUDENTE.
Três adjetivos, retirados das antífonas da Missa de hoje, mostram bem o exemplo deixado por São José: homem bom, fiel e prudente. Bondade, fidelidade e prudência são virtudes humanas indispensáveis para a vida humana, cristã e social.

A bondade em São José é fruto da bondade divina, pois Nosso Senhor Jesus Cristo afirma: “Só Deus é bom, e mais ninguém”(Mc 10,18). Deus é bom! Ele revela e comunica-nos sua bondade em Nosso Senhor Jesus Cristo, o homem bom. N’Ele, em Nosso Senhor Jesus Cristo, podemos ser bons, somos capacitados a fazer atos de bondade. Por antecipação, por obra de Nosso Senhor Jesus Cristo, a bondade de Deus encontra-se refletida em São José: ele é e faz o que deve ser e fazer de acordo com a vontade e o projeto de Deus.

São José é um homem fiel à vontade de Deus, mesmo quando ela não lhe é muito clara. “O Senhor teu Deus é o único Deus, um Deus fiel...”(Dt 7,9). “É fiel o Deus que vos chamou à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor”(1Cor 1, 9). Nosso Senhor Jesus Cristo é expressão da fidelidade de Deus, mesmo quando somos infiéis (cf 2Tm 2,13). São José bebe da fidelidade de Deus em Jesus Cristo; ele faz-se homem fiel no cumprimento da vontade de Deus, cooperando propositivamente para o bem da Sagrada Família, e assim, para a concretização da vontade salvadora de Deus para a humanidade.

Prudência é sinônimo de equilíbrio, fruto da busca do meio termo entre os extremos. A pessoa prudente é sensata, conjuga a vontade e a inteligência para discernir o que fazer e como fazer. Os grandes homens da Bíblia, patriarcas, profetas, reis e juízes, foram pessoas prudentes, uma prudência que nasceu do temor piedoso de Deus. É nesta linha que compreendemos a prudência em São José, capaz de discernir o que fazer em cada situação, levando em conta o que sente, mas sobretudo o que Deus lhe diz através dos anjos que lhe aparecem em sonho. São José nos ensina que prudente é o homem capaz de compreender e fazer a vontade de Deus.

COROLÁRIO
A Igreja, a sociedade e o mundo precisam de pessoas boas, fiéis e prudentes. Não de uma pseudo- bondade, pseudo-fidelidade e pseudo-justiça frutos da conveniência e ou do interesse privado ou de determinados setores públicos eclesiais e sociais.

Precisamos de pessoas boas, fiéis e prudentes que busquem a fonte destas virtudes em Deus, na vontade de Deus, na sua Palavra de Salvação, como fez São José ao longo de sua vida.

Se em Deus formos pessoas boas, fiéis e prudentes, São José do Rio Preto será melhor, o Brasil será melhor, o mundo será melhor.

Que São José, patrono de nossa cidade, plural e bela, nos ajude, com sua intercessão, a vivermos em Deus, e a exercermos a nossa profissão ou ofício buscando a bondade, a fidelidade e a prudência.

Que Nossa Senhora, aqui invocada com o título do Imaculado Coração de Maria, auxilie e sustente nossa esperança de salvação.

+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do Rio Preto.


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