A Sagrada Família e a virtude da laboriosidade.

O crescimento de Jesus “em sabedoria, em estatura e em graça” (Lc 2,52), deu-se no âmbito da Sagrada Família, sob o olhar de São José, que tinha a alta função de o “criar”; ou seja, de alimentar, vestir e instruir Jesus na Lei e num ofício, em conformidade com os deveres estabelecidos para o pai. Por sua parte, Jesus “era-lhes submisso” (Lc 2,51), correspondendo com o respeito às atenções dos seus “pais”. Dessa forma quis santificar os deveres da família e do trabalho, que ele próprio executava ao lado de José.
(São João Paulo II, Papa, Exortação Apostólica Redemptoris Custos, 16)


A Sagrada Família constitui-se um notável exemplo de simplicidade. Como disse São José Marello: “Os grandes santos atingiram sua santidade não tanto por pela prática de virtudes extraordinárias, para as quais as ocasiões são muito raras, mas com os atos repetidos e incessantes das pequenas virtudes”. Vejamos:


O grão de mostarda é considerado a menor das sementes semeadas na horta, e no entanto, ela se desenvolve a ponto de se tornar uma grande e bela árvore. Por esta razão ela representa bem as pequenas virtudes, as quais podem produzir uma grande santidade. De fato, os grandes santos atingiram sua santidade não tanto por pela prática de virtudes extraordinárias, para as quais as ocasiões são muito raras, mas com os atos repetidos e incessantes das pequenas virtudes. Assim, São José não fez coisas extraordinárias; mas com a prática constante de virtudes ordinárias e comuns atingiu aquela santidade que o eleva muito além de todos os outros santos. Também Jesus não realizou sempre atos extraordinários e heróicos, como o afastamento da mãe e a morte de cruz. Mas quantos atos de virtude Ele fez e quanto mereceu! (São José Marello).

Aprendamos com São José Marello que “a prática constante” de “virtudes ordinárias e comuns”, é capaz de produzir no ambiente familiar, no mundo do trabalho e em nossas comunidades, resultados surpreendentes. Mas, quais são estas virtudes? Entre tantas, o Papa Bento XVI destacou três virtudes da Sagrada Família que devem ser cultivadas para que tenhamos famílias realizadas e felizes. Vejamos:

"Para ajudar as famílias, vos exorto a propor-lhes, com convicção, as virtudes da Sagrada Família: a oração, pedra angular de todo lar fiel à sua própria identidade e missão; a laboriosidade, eixo de todo o matrimônio maduro e responsável; o silêncio, cimento de toda a atividade livre e eficaz. Desse modo, encorajo os vossos sacerdotes e os centros pastorais das vossas dioceses a acompanhar as famílias, para que não sejam iludidas e seduzidas por certos estilos de vida relativistas, que as produções cinematográficas e televisivas e outros meios de informação promovem" (Papa Bento XVI, 25/09/2009)

Mas, como podemos definir a virtude da laboriosidade? Segundo um olhar simplesmente humano, podemos afirmar que a laboriosidade é virtude de realizar uma tarefa, trabalhando muito e com dedicação. O sentido cristão de laboriosidade, entretanto é bem mais rico: “trata-se, em última análise, da santificação da vida quotidiana” e de um modo “humilde e maduro de servir”, como ensinou o Papa Santo João Paulo II.

Nesta Semente Josefina não nos deteremos em explicações e análises, mas em olhar para o exemplo da Sagrada Família e aprender com eles. Como afirmou o Papa Bento XVI, a laboriosidade é o eixo de todo o matrimônio maduro e responsável. E assim aconteceu com a Sagrada Família. Vejamos alguns ensinamentos que nos ajudarão a entender melhor esta importante virtude:

Cuidemos de santificar as pequenas coisas: um pequeno ato de paciência ou de caridade, acompanhado de reta intenção, adquire um imenso valor aos olhos de Deus. São José não fez coisas extraordinárias; mas com a prática constante de virtudes ordinárias e comuns atingiu aquela santidade que o eleva muito além de todos os outros santos. (São José Marello)
Admiremos a diligência de Maria nas Bodas de Caná: ela está toda atenta em cuidar para que tudo corra bem, que todos sejam bem servidos e bem atendidos e não falte nada a ninguém. Esta amorosa atenção de Maria é imagem de seu cuidado espiritual com que ele vela sobre nossas almas para descobrir as necessidades e faltas e providenciar a tempo. (São José Marello)
O crescimento de Jesus “em sabedoria, em estatura e em graça” (Lc 2,52), deu-se no âmbito da Sagrada Família, sob o olhar de São José, que tinha a alta função de o “criar”; ou seja, de alimentar, vestir e instruir Jesus na Lei e num ofício, em conformidade com os deveres estabelecidos para o pai. No Sacrifício eucarístico a Igreja venera “a memória da gloriosa sempre Virgem Maria ... e também a de São José”, porque foi quem “sustentou Aquele que os fiéis deviam comer como Pão de vida eterna”. Por sua parte, Jesus “era-lhes submisso” (Lc 2,51), correspondendo com o respeito às atenções dos seus “pais”. Dessa forma quis santificar os deveres da família e do trabalho, que ele próprio executava ao lado de José. (São João Paulo II)
A expressão quotidiana deste amor na vida da Família de Nazaré é o trabalho. O texto evangélico especifica o tipo de trabalho, mediante o qual José procurava garantir a sustentação da Família: o trabalho de carpinteiro. Esta simples palavra envolve toda a extensão da vida de José. (São João Paulo II)
No crescimento humano de Jesus “em sabedoria, em estatura e em graça” teve uma parte notável a virtude da laboriosidade, dado que “o trabalho é um bem do homem”, que “transforma a natureza” e torna o homem, “em certo sentido, mais homem”. (São João Paulo II)
Trata-se, em última análise, da santificação da vida quotidiana, no que cada pessoa deve empenhar-se, segundo o próprio estado, e que pode ser proposta apontando para um modelo acessível a todos: “São José é o modelo dos humildes, que o Cristianismo enaltece para grandes destinos; ... é a prova de que para ser bons e autênticos seguidores de Cristo não se necessitam ‘grandes coisas’, mas requerem-se somente virtudes comuns, humanas, simples e autênticas”. (São João Paulo II)
“A figura de São José nos remete à dignidade e importância do trabalho, pois foi com seu pai adotivo que Jesus aprendeu a trabalhar. De fato, o trabalho enche o homem de dignidade e, em certo sentido, o assemelha a Deus que, como se lê na Bíblia, “trabalha sempre” (cf. Jo 5,17). Isso nos leva a pensar em tantas pessoas que se encontram desempregadas, muitas vezes por causa de uma concepção econômica que busca somente o lucro egoísta. Também São José teve de enfrentar momentos difíceis, saindo vencedor pela confiança em Deus que nunca nos abandona. (Papa Francisco, 01/05/2013).
“Se, às semelhanças do grande Patriarca São José você tivesse que servir Jesus nos trabalhos modestos e inferiores ao de São Pedro pensaria que o humilde Guarda de Jesus está mais alto no Céu que o grande apóstolo”. (São José Marello)

Fonte: Centro de Espiritualidade Josefino-Marelliana - Sementes Josefinas.