Só
podemos compreender toda a personalidade de José em conexão com a Encarnação de
Jesus. E nesta perspectiva que uma teologia Josefina madura pode explicar a sua
missão em relação a Jesus. Deus quis que o seu Filho, ao fazer-se homem no meio
dos homens, necessitasse dos préstimos de algumas pessoas na colaboração do seu
plano salvífico. Jesus precisava de uma mãe para encarnar-se no seio e
nutrir-se dela: precisou de uma família para situar-se, crescer e educar-se;
precisou de um pai, para que ao longo dos anos atendesse as suas necessidades
materiais e espirituais. Portanto, a vocação de José como esposo de Maria e pai
virginal de Jesus valeu-lhe o mérito de agir na cooperação e realização do
mistério da encarnação. Sua participação na redenção não foi marginal, mas
fundamental para que Jesus nascesse numa família da qual ele era o chefe. O
decreto da Encarnação predestinado por Deus desde sempre para realizar-se no
tempo abrange em si também todas as circunstancias nas quais devia se realizar;
ou seja, o fato em si, os modos e o tempo. Neste sentido, Jesus devia nascer de
uma mulher ao mesmo tempo casada e virgem, devia ter na terra uma mãe e um pai,
devia ser acolhido por uma família plenamente constituída. Maria devia formá-lo
no ventre, José devia transmitir-lhe uma genealogia; dar-lhe um nome e
protegê-lo na terra.
É
indispensável admitir que a união pessoal do verbo de Deus com a natureza
humana é algo que pertence exclusivamente a Cristo; contudo, José e Maria
tiveram para com Encarnação uma estreita ligação, um liame de vocação e de
missão, eles contribuíram para realizar a união hipostática. José foi o homem
que recebeu a honra enorme de cuidar do filho de Deus. Na opinião de muitos
teólogos, ele “interveio na constituição da ordem hipostática com o seu
consentimento livre e voluntário como o de Maria, esta atuação na ordem moral
não tem por objetivo direto e imediato a encarnação do Filho de Deus, mas a
maternidade e a virgindade de Maria, por meio das quais se tem a realização da
ordem hipostática”.
As
razões que sustentam a participação de José na cooperação do mistério da Encarnação
são deduzidas do consentimento que ele deu para ser o pai de Jesus, embora sem
intervir fisicamente na sua geração. Por isso, tanto José como Maria eram
necessários para a realização da encarnação. Com o seu casamento celebrado com
Maria da Anunciação, José também proporcionou as condições objetivas, mesmo sem
o seu total conhecimento para a realização do mistério da Encarnação. O
relacionamento de José com Jesus estabeleceu-se no plano moral e externo;
contudo, a sua paternidade é real; ela foi preestabelecida por Deus, e para a
sua realização foram necessárias, assim como para Maria, as disposições de
santidade.
São
José, Imagem Terrestre da Bondade de Deus.
Pe.
José Antonio Bertolin O.S.J.