Sobre a
vida de São José pouco se sabe. Até mesmo nos escritos dos padres, o santo
permaneceu durante séculos e séculos em seu característico escondimento.
Necessitou de tempo para que o seu culto fosse convertido do olhar, pois ele
era apenas lembrado em figuras, para os átrios do coração. Embora a ausência de
dados concretos, acredita-se que José nasceu em Belém, o pai se chamava Jacó e ele foi o terceiro
de seis irmãos.
Com
razão, São José é chamado por servo bom e fiel, afinal, Deus o elegeu guarda
dos seus tesouros mais preciosos. De fato, teve como sua esposa a Imaculada
Virgem Maria, que concebeu Jesus Cristo pelo poder do Espírito Santo. Disto
procede toda a sua grandeza, graça, santidade e glória.
Foi ele
que guardou com sumo amor e contínua vigilância a sua esposa e o Filho divino;
que proveu o sustento da divina família com o trabalho; que os afastou do
perigo a que os arriscava o ódio de um rei, levando-os a salvo para fora da
pátria. Foi de Jesus e Maria, nos desconfortos das viagens e nas
dificuldades do exílio, companheiro inseparável, socorro e conforto.
É cabível
lembrar que a Igreja venera a Virgem Maria e também a São José, pois foi quem
sustentou Aquele que os fiéis deveriam comer como Pão da vida eterna. E quanto
a esse sustento confiado por Deus a São José, pode-se dizer que aconteceu de
forma simples, pela carpintaria. Jesus aprendeu o ofício de seu pai, tornou-se
carpinteiro e, dessa forma, santificou o trabalho. Portanto, como nos diz o
Papa Paulo VI: “São José é o modelo dos humildes; [...] é a prova de que
para sermos bons e autênticos seguidores de Cristo não se necessitam grandes
coisas, mas apenas virtudes comuns, humanas, simples e autênticas”. É tanto
que Jesus quis ser chamado “o Filho do carpinteiro”. A humildade e a pobre
condição de José eram virtudes que deveriam cintilar no esposo de Maria e no
pai putativo de Jesus.
Este
Santo Patriarca é portador de uma dignidade tão elevada que sua fé é comparada
à de Maria, a quem a Igreja trata como altíssima, não havendo outra maior. No
momento da Anunciação, Maria após ouvir do anjo que a Deus nada é impossível,
libera de seus lábios o profundo e decidido Fiat (faça-se), que iria fazê-la
chorar aos pés da cruz. José por sua vez, não duvidando da dignidade de Maria e
tomado pela sua humildade que o faz considerar-se indigno de participar da
família de Deus, é surpreendido em sonho pelo anjo do Senhor que o revela o seu
importante papel nos planos divinos como guardião da Sagrada Família. Não
pronuncia nada. Este silêncio é característica tão forte em São José que os que
procuram viver a vida contemplativa se espelham nele, como é o exemplo de Santa
Teresa de Ávila. Porém, é um silêncio ágil, pois, a Bíblia nos diz em Mt 1, 24
que José “fez” o que fora ordenado pelo anjo. Através do silêncio, José
contemplava a singeleza da vida no seu humilde ofício; a pureza de Deus em
Maria, sua amadíssima esposa; e mais adiante, a majestade de Deus no menino
Jesus.
Se Isabel
disse da Mãe do Redentor: “Feliz daquela que acreditou”, esta bem-aventurança
pode, em certo sentido, ser referida também a José, porque, de modo comparável,
ele respondeu afirmativamente à Palavra de Deus, quando esta lhe foi
transmitida naquele momento decisivo. Esse ato o fez unir ainda mais à fé de
Maria. E para dizer sim a Deus é necessário obediência, e, isto é de grande
característica em José, pois: “pela fé, o homem entrega-se total e
livremente a Deus, prestando-lhe ‘o serviço pleno da inteligência e da vontade’
e dando voluntário assentimento à sua revelação” (Const. Dogm. Dei Verbum,
n.5.)
Também é
válido afirmar que essa dignidade equiparada entre Maria e José se dá através
da encarnação de Jesus no seio da Sagrada Família, pois, o Verbo Divino irradia
amor, e em questão lógica, é óbvio afirmar que serão beneficiados por esse amor
em primeiríssimo lugar, aqueles de maior intimidade: Sua Mãe e o Seu pai
putativo.
Dessa
forma, José vivenciou o Amor da Verdade e o Amor Necessário, ou seja,
contemplou o puro amor que irradiava de Cristo e disponibilizou-se para uma
vida de serviço em torno da proteção e desenvolvimento da humanidade.
Esta
unidade de José com Maria na caminhada de fé fez o Papa João XXIII, devoto de
São José, fixar no Cânone romano da Missa o nome dele, ao lado do nome de Maria
e antes do nome dos Apóstolos, dos Sumos Pontífices e dos Mártires.
Não
podemos duvidar da dignidade de São José, pois Deus não iria incumbir uma
missão tão sublime e divina a alguém desprovido das virtudes requeridas para
exercer corretamente a guarda da virgindade de Maria e, em maior caso, a
paternidade de Jesus.
Também é
certo dizer que a José foi concedida esta graça da paternidade de Jesus para
que se cumprisse a profecia de que o Salvador viria da descendência de Davi. E
sendo Jesus de divina condição, a única forma para que Ele se tornasse humano e
ainda da descendência de Davi, era através do matrimônio entre Maria e José.
Esse “humanizar” de Cristo fica bem claro quando José, assumindo o seu dever de
pai, insere o nome de “Jesus, filho de José de Nazaré” no registro do império,
manifestando a sujeição de Jesus às leis e instituições civis, mas sendo
também, “Redentor dos homens”. Dessa forma, São José, assim como a Virgem
Maria, tem papel importante no mistério da Redenção.
Por São
José nós vamos diretamente à Maria, e por Maria à fonte de toda santidade,
Jesus Cristo, que consagrou as virtudes domésticas com a sua obediência aos
seus pais.
Pela ocorrência de que Deus
agradou-se em confiar em São José, a Igreja confia cegamente nele, sendo ele a
esperança mais segura do Apostolado após a Santíssima Mãe de Deus, pois, é
justo e digno do Patriarca que assim como ele guardou no seu tempo a família de
Nazaré, também agora guarde e defenda com seu patrocínio a Igreja de Deus.
Pela grande fidelidade de José
aos planos celestes, Deus o recompensou de forma apreciável: em seu leito de
morte gozou da sublime companhia de Jesus e Maria, fato este que o fez
popularmente conhecido e invocado como o Santo da Boa Morte.
Portanto,
invoquemos a proteção de São José sobre as nossas vidas, sobre a Igreja, sobre
as famílias, para que vivendo obedientes a Deus a exemplo de São José,
consigamos alcançar a vida eterna.
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