Não conseguimos, mesmo com toda iluminação do alto, penetrar nos amoráveis e santos desígnios do Pai. Estamos acostumados demais com as afirmações da fé e nem sempre conseguimos conservar o espirito de encantamento e de surpresa diante da obra do Senhor. Penso aqui na encarnação do Verbo.
Desde toda a eternidade esse Deus Uno e Trino projetou ser o Emanuel, o Deus conosco. Por seus insondáveis desígnios, por um amor sem outro igual, quis ser companheiro da caminhada dos homens que havia criado à sua imagem e semelhante e para os quais imaginara a comunhão eterna no seio da Trindade, numa ventura amorosa sem comparação a nada.
Nos seus desígnios o Senhor busca uma mulher. Pede o assentimento de Maria que estava prometida em casamento a José. Comunica-lhe que a força do Alto a cobrirá com sua sombra e ela será a Mãe da Esperança de Israel. A menina de Nazaré não compreende claramente o que lhe é proposto, mas aceita. Começa a se dar conta de que o Poderoso faz nela maravilhas.
Num determinado momento do tempo do noivado Deus, em sonhos, faz com que José vislumbre o inusitado que acontece com Maria. Então ele, acolhe aquela que já está grávida do mistério de Deus. E a partir desse momento ele, esse José, da descendência de Davi, será o guardião dos mistérios de Deus. Será efetivamente o esposo de Maria. Estará perto dela quando o menino cresce em idade, graça e sabedoria diante de Deus e dos homens. Leva-os para o Egito. Contempla com seus olhos esse que é prometido e o desejado das colinas eternas.
Terminamos estas reflexões sobre o mistério de José com um texto de Karl Rahner sobre São José: “Temos um padroeiro que nos convém admiravelmente. Convém a todos nós. José não é o padroeiro dos pobres, dos trabalhadores, dos exilados; modelo da oração e da santa disciplina do coração; modelo dos pais de família porque através de seus filho quem lhe foi confiado foi o Filho do Pai eterno? Os moribundos também se consideram seus protegidos, por esse que fica à sua cabeceira, ele que conheceu a morte e a aceitou. Nossos antepassados fizeram bem ao se colocarem sob a proteção de São José. Seremos nós dignos desta tradição que nos foi transmitida? Que fizemos para conservar e intensificar esse como que parentesco, ao mesmo tempo desejado e secreto que existe entre o povo de Deus e seu intercessor celeste? São José está bem vivo e bem perto de nós pela comunhão do santos. Temos que afastar de nossa mente essa ideia de que os santos ficariam como que anestesiados na ofuscante luz eterna de Deus na qual penetraram ou submersos numa torrente que os tornam presentes lá nos séculos passados. Deus não é Deus dos mortos, mas Deus dos vivos, do que longe de viver de maneira neutra sua vida eterna, conservam de sua existência terrena a substância profunda que os define para sempre e que os integrou para sempre na fonte real da vida, precisamente ali onde se alimenta essa vida dos séculos a virem. Desta maneira haveremos de conceber a maneira como São José vive. Ele é nosso padroeiro. Somente poderemos experimentar os benefícios de sua proteção, evidentemente alimentados pela graça divina, se tivermos o cuidado de abrir nosso coração e nossa vida ao seu espírito e à força silenciosa de sua intercessão”.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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