A DIGNIDADE, A SANTIDADE E AS VIRTUDES DE SÃO JOSÉ

A DIGNIDADE, A SANTIDADE E AS VIRTUDES DE SÃO JOSÉ
Pe. José Antônio Bertolin, OSJ

(Curso de Josefologia - Parte II - Capítulo 33)

 

A Igreja nunca encontrou dificuldade em propor São José como exemplo e modelo para todos os cristãos. De fato, o Papa Leão XIII, afirma que “ Em São José os pais de família têm o mais sublime modelo de paterna vigilância e prudência, os esposos um perfeito exemplo de amor, de concórdia e de fé conjugal, os virgens um tipo de defensor, juntamente com uma virgindade integral”... Os operários devem, por um direito que lhes é próprio, tomar dele o que devem imitar...” (Leão XIII, Quanquam Pluries 15, agosto 1889).

São José pertence à classe operária, experimentou o peso da pobreza, para si e para a sua família. Com uma vida de fidelíssimo cumprimento do seu dever, deixou o exemplo para todos os que devem ganhar o pão com o trabalho das próprias mãos.


Evidentemente que a santidade de São José tem sua origem e a sua expressão na singular união e intimidade que viveu com Maria e Jesus. Desta realidade deriva a extraordinariedade da sua vida. A sua adesão à vontade de Deus, como disse Paulo VI, “é o segredo da grande vida para cada pessoa. Fundamentalmente a espiritualidade de São José, como uma proposta da Igreja, é algo acessível a todos os cristãos porque supõe a grandeza da vida diária enquanto tal”.


A dignidade e santidade de José é determinada pelo seu estreito relacionamento com Jesus e Maria e pelo seu grau de cooperação aos mistérios da Redenção. Também se a paternidade de José não foi física, contudo esta não é menor em dignidade. Por isso, José teve para com Jesus um relacionamento de pai para filho seja em nível de convivência, como de afeto, de comportamento, de autoridade, de educação... Consequentemente podemos dizer que a sua paternidade é densa de conteúdo e rica e esta lhe valeu uma dignidade superior àquela dos anjos, pois enquanto os anjos apenas serviram Jesus, José teve autoridade sobre ele. A sua dignidade é superior à de João Batista, pois enquanto João Batista dá testemunho de Cristo, inclusive com o seu sangue, José teve poder sobre ele. A grandeza de José é inclusive superior em relação aos apóstolos, posição esta confirmada por Suaréz quando diz: “Admito que a missão do apóstolo constitui a maior função entre aquelas que existem na Igreja... não é improvável a opinião segundo a qual, a missão de José é ainda mais perfeita, enquanto esta é de ordem superior... Existem funções ou ministérios que são certamente próprios da graça santificante, e neste plano considero os apóstolos superiores em dignidade... Porém, existem também ministérios que estão ligados à ordem hipostática, os quais são por si mesmos mais perfeitos... justamente neste sentido, na minha opinião, está o ministério de São José, mesmo que esteja no último degrau...” (Mistérios de la vida de Cristo, vol I pg 271). Desta mesma opinião é São José Marello, fundador da Congregação dos Oblatos de São José, o qual afirma que “Se, à semelhança do grande Patriarca São José, alguém tivesse que servir Jesus nos trabalhos modestos e inferiores aos de São Pedro, pensaria que o humilde Guarda de Jesus esta mais algo no céu que o grande apóstolo”. O próprio João Paulo II afirmou que em confronto aos apóstolos e a João Batista, que José é um personagem singular e único, porque confrontando com estes os supera em um grau muito notável.


Ainda ao afirmar a dignidade de José não podemos esquecer que ele é o esposo de Maria, e que com ela teve um relacionamento profundo, e justamente porque Maria devia ter ao seu lado um esposo digno, Deus o elevou à altura de sua dignidade, também se ela, por ser a Mãe de Deus é superior em grandeza e dignidade a qualquer outra pessoa.


Portanto, José ao servir Jesus, serviu também a obra da redenção. Na verdade o Verbo de Deus ao encarnar-se quis precisar dos préstimos e da colaboração de Maria para encarnar-se em seu seio virginal, como também de José, pelo período de alguns anos, para ajudá-lo em suas necessidades materiais e morais como homem. Nesta tarefa José empenhou-se com todo seu ser e sua liberdade, oferecendo-se a Deus como humilde oblação de sua vida.


Devido a dignidade e grandeza de sua missão conferida para Deus, não resta dúvida que sua santidade é menor somente em relação a Maria. Ele identificou sua vontade humana com a vontade divina de Deus e viveu uma união profunda com ele na comunhão com Jesus.


A santidade expressa-se também no amor a Deus, e neste sentido José amou Jesus como ninguém no mundo com exceção de Maria. Ele amou Deus na pessoa de Jesus como a seu próprio filho e assim atingiu o máximo amor depois daquele materno de Maria. Devemos lembrar que o evangelho define José como homem justo, o que significa que foi um homem que cumpriu de modo perfeito a vontade de Deus. Foi em razão desta justiça que Abraão, Isac, Jacó, Moisés, os profetas foram grandes santos, e que portanto tiveram uma grande dignidade porque participaram da história da salvação como colaboradores de Deus. Por isso podemos concluir que também José com a sua participação da história da salvação de uma maneira especial, como pai de Jesus, e pela convivência com ele, é o mais santo de todos os outros personagens do Antigo Testamento.


É preciso considerar que a fé é um elemento fundamental para a santidade, a qual supõe submissão absoluta à Palavra de Deus. Assim foi Abrão que acreditou nas palavras de Javé para sair de seu país e ir para uma terra desconhecida (Gn 12,1-3). Ele acreditou em Javé quando lhe foi dito que embora fosse velho e sua mulher fosse estéril, ele seria o pai de uma multidão (Gn 15,5). Acreditou igualmente quando lhe foi pedido de sacrificar seu único filho, por isso São Paulo diz: ”Acreditou contra toda esperança” (Rm 4,18).Também a José foi pedido de ser pai de um filho que nasceria de uma virgem e ele acreditou, embora não pudesse comprovar com certeza a concepção virginal de sua esposa.


Da mesma forma a esperança uma virtude que consiste em colocar-se nas mãos de Deus e esta José a exercitou quando deparou-se com as dificuldades na eminência de sua esposa dar à luz em Belém sem um lugar apropriado; quando teve que partir fugindo para o Egito, ou quando o menino Jesus permaneceu no Templo sem que ele e sua mãe soubessem, e se limitaram a procurá-lo pacientemente.


Enfim, foram muitas as ocasiões fortes em que José manifestou e vivenciou a santidade, pois além do exercício destas três virtudes teologais, ele viveu também com intensidade as virtudes morais, tais como a prudência no exercício do seu ministério, seja no guardar para si o mistério da encarnação, onde Jesus fora concebido virginalmente, seja diante dos pastores, de Isabel, de Zacarias, do velho Simeão, dos Magos, todos que proclamavam a presença do Messias na terra, tanto é verdade que seja ele, seja Maria se maravilhavam do que diziam sobre Jesus (Lc 2,19.33.51). Ainda sempre com discrição e prudência se comportará quando fugiram para o Egito e depois de lá voltaram para Nazaré.


Fonte: Centro de Espiritualidade Josefino-Marelliana
           Curso de Josefologia (http://www.josefologia.blogspot.com/ )