Mês de março, Festa de São José

Mês de março, Festa de São José
Pe. José Antônio Bertolin, OSJ

Estamos no mês de março e com ele as comemorações de São José, quando no dia 19 deste mês a Igreja celebra a Solenidade de São José, esposo da Beatíssima Virgem Maria. Se no início do cristianismo a Igreja não esteve muito preocupada com a divulgação de São José e com a organização do seu culto, particularmente porque devia enfatizar a pessoa divina de Jesus, hoje temos a graça de podermos solenizar a sua lembrança com tríduos, novenas e outros tipos de devoção e especialmente com a solenidade do dia 19 de março a esse grande e importante Santo do cristianismo.

Ao dizermos que o cristianismo nos seus primórdios não esteve muito preocupado com a devoção a São José, não queremos afirmar que ele era um ilustre desconhecido, mas ressaltar que além das preocupações com a solidificação da doutrina cristológica, havia também as dificuldades práticas em relação ao culto aos santos dentro de um contexto cheio de desafios para a fé cristã, particularmente devido as perseguições aos cristãos que marcaram profundamente a era dos mártires os quais derramaram seu sangue para testemunhar Jesus Cristo.

Com a liberdade religiosa ocorrida a partir do ano 313 com o imperador Constantino, as coisas se tornaram mais fáceis em relação à vivência da fé na expressão religiosa de maneira pública, por isso, têm-se notícias que por volta do ano 670 havia em Nazaré duas igrejas, uma denominada de igreja da Nutrição e a outra da Anunciação, ambas, davam testemunho do mistério da encarnação e, portanto, de consideração a São José.

Na verdade, as comemorações que os cristãos faziam não eram festas exclusivas de São José, mas ligadas a Jesus e Maria, tanto é verdade que no início eram celebradas próximas do natal, ou no domingo antes ou na oitava de natal, pois a intenção era de incluí-lo ao mistério que ele pertence intimamente.

Uma prova cabal do culto dos cristãos a São José é atestada pela primeira vez num manuscrito denominado Rh 30,3 do século VIII e que hoje se encontra conservado na biblioteca de Zurique. Apesar disso não se pode dizer com precisão quando começou o culto público a São José, mesmo se a abadia beneditina de Winchester atribui a si a honra de ter sido a primeira a celebrar a festa do nosso Santo pelos anos de 1030. O certo é que a partir do século XI o culto a São José começou a ter um grande desenvolvimento devido a iniciativas das Ordens dos Carmelitanos e depois das famílias religiosas dos Franciscanos e Dominicanos.

Não faltaram em seguida o estímulo e esforços dos Papas os quais através de documentos, decretos, declarações e encíclicas deram um grande impulso às comemorações josefinas. Todas essas iniciativas  que visaram o desenvolvimento da devoção a São José no povo cristão contribuíram para que as célebres palavras do insigne teólogo de São José, Isolano se tornassem realidade quando ele dizia:
”O Espírito Santo não deixará de tocar os corações dos fiéis até que em toda a Igreja o divino José não seja honrado com uma nova e crescente devoção, até que não sejam levantados monastérios e edificadas igrejas em sua honra e até que não sejam celebradas por todos fiéis as suas festas...”
Queira Deus que as palavras de Isolano se realizem sempre mais. Que todos possam conhecer e venerar as grandes maravilhas que Deus realizou por este e neste grande Santo de nossa devoção. Que os católicos edifiquem igrejas em sua honra, que celebrem as suas festas e que mediante ele supliquem inúmeras graças de Deus. Particularmente que em nosso Santuário a ele dedicado, o seu culto possa sempre mais aumentar; ele que possui uma dignidade muito superior àquela de todos os outros santos, com exceção de Maria. Sim, porque além da confiança na sua proteção a Igreja confia no seu exemplo magnífico, no seu exemplo que transcende ao estado de vida de cada cristão e o apresenta para quaisquer que sejam as condições e as atividades de cada cristão, seu devoto.