Novas Lentes para Compreender São José

NOVAS LENTES PARA COMPREENDER SÃO JOSÉ
Pe. José Antônio Bertolin, OSJ

Não podemos alimentar uma idéia limitada, e consequentemente depreciativa de São José, pois como afirmei, ele foi e continua sendo objeto de estudos para um número considerável de teólogos, assim como sendo o foco das atenções de vários Centros de Estudos de Josefologia espalhados pelo mundo, os quais vêm produzindo regularmente inumeráveis reflexões a seu respeito. Além do mais, ele tem o seu lugar de carinho nos corações dos fiéis, basta dizer que milhões e milhões de pessoas no mundo inteiro levam o seu nome, sem contar as centenas de movimentos religiosos, cidades, ruas, instituições, escolas e principalmente de igrejas que têm o nome de São José.

Não ter uma idéia limitada de São José significa que não podemos continuar vendo-o apenas uma pessoa silenciosa, humilde e anônima de cuja vida pouco se fala com da desculpa de que não se sabe nem a sua proveniência, nem quem eram os seus pais, nem quantos anos tinha quando se casou com Maria e nem mesmo quando morreu. Reservar um lugar para São José apenas dentro do presépio colocado entre animais com um ar de admiração diante da manjedoura do Menino Jesus ou ao lado de Maria, é falta de conhecimento do plano que Deus lhe revelou. Vê-lo estampado numa figura de ancião com cabelos brancos ou segurando o Menino em seus braços quase que boquiaberto diante do mistério que aquela criança representa, ou ainda concentrado entre suas ferramentas diante de um banco de carpintaria na humilde Nazaré, é continuar alimentado o imaginário que ganhou formas nas pinturas, nas literaturas e nas artes a partir da influência dos apócrifos. Por isso, a minha obrigação é esclarecer muitos pontos não concernentes com a Josefologia, fazendo quase que um trabalho de limpeza ou colocando novas lentes e limpas para focalizá-lo como ele, o Guarda do Redentor, realmente merece ser contemplado.

Uma primeira observação que não raro muitos fazem é se São José realmente teve Maria como sua esposa, ou em outras palavras, se Maria foi uma mulher sem homem e Jesus é um menino sem um pai. Certamente essa observação por parte de muitos, que constitui inclusive uma dúvida, é devido ao fato que Maria ficou grávida por obra do Espírito Santo e não mediante a ação de São José. Entretanto, o fato de a gravidez de Maria ter sido misteriosa, porque operada pelo Espírito Santo, não impede de maneira nenhuma que José e Maria sejam realmente esposos e casados regularmente. Seria uma visão reducionista ver um casal apenas deitados numa cama de casal como se este se reduzisse apenas no exercício do sexo.

Se quisermos fazer teologia Josefina com seriedade não podemos prescindir dos ensinamentos dos textos sagrados dos evangelhos os quais afirmam categoricamente que José e Maria eram esposos( Mt 1,16.18-20; Lc 1,27), não obstante a concepção virginal e a virgindade preservada de Maria (Mt 1,18-15; Lc 1,26-38).Teremos a ocasião de aprofundar o matrimônio de José e Maria, por ora basta afirmar que eram verdadeiros esposos e que constituíram uma autêntica família. Da mesma forma, iremos aprofundar a paternidade de São José, mas por agora basta saber que embora ele não contribuiu com o seu sêmen para a fecundação de Jesus no seio de Maria, Jesus é também filho de José, em virtude do vínculo matrimonial que os une. Assim sendo, os evangelhos afirmam categoricamente que Jesus é filho de José, o filho do carpinteiro de Nazaré do qual aprendeu uma profissão, pois o mesmo Jesus era chamado de carpinteiro ( Lc 3,23;4,22; Jo 1,45; 6,42; Mt 13,55).

Fonte: Santuário de São José - Jornal O Josefino - Edição de outubro de 2006