Teologia Josefina - Considerações

TEOLOGIA JOSEFINA

1. REFERÊNCIA DE SÃO JOSÉ NA SAGRADA ESCRITURA

São José nos evangelhos é nomeado apenas 14 vezes, e lhe é dedicado 26 versículos; porém nenhuma palavra sua vem citado. Os evangelistas o classificam como sendo Justo (Mt 1,19), ou seja, era consumado em perfeição; totalmente livre e disponível ao cumprimento da vontade de Deus. Ele é classificado também como o homem do silêncio, do abandono aos desígnios de Deus.

Os evangelistas falam dele como:

- Descendente da cada de Davi – Mt 1,16; Lc 1,27

- Esposo de Maria – Mt 1,18

- Pai de Jesus – Mt 13,55 ; Lc 3,23; Jo 1,45; 6,42

- Perplexo diante do mistério da encarnação – Mt 1,19

- Vai `a Belém para o recenseamento - Lc 2,4-16

- Foge para o Egito e retorna para Nazaré – Mt 2,14-19.23

- Encontra-se com Jesus aos 12 anos no Templo – Lc 2,48


2. SUA ORIGEM

José era da estirpe de Davi – Lc 1,27 ; Mt 1,20

Para Lucas seu pai era Eli e para Mateus era Jacó. Era de origem nóbil. Recebeu o nome de José que quer dizer crescimento, aumento... Viveu uma infância como todas as crianças do seu tempo. Tinha como profissão carpinteiro.


3. SEU CASAMENTO

O matrimônio de José e Maria foi verdadeiro como todos os outros casamento do seu tempo. Maria tinha o voto de virgindade antes do casamento. Não conheço homem. Portanto, Maria casou-se com José, mas tendo condicionado o seu casamento aos desígnios de Deus (S. Tomas). Por isso José respeitou o seu voto.

José foi verdadeiro esposo de Maria, pois tanto Mateus 1,19ss como Lucas 1,26ss fazem referência de José com a palavra marido (Anêr). Este matrimônio foi um meio pelo qual Deus serviu-se para conferir a José a paternidade de Jesus, e tal matrimônio foi pré-estabelecido por Deus para acolher e educar Jesus.

4. CONVENIÊNCIAS DO MATRIMÔNIO JOSÉ E MARIA.

Existiu uma verdadeira convivência de amor entre José e Maria. O matrimônio de José serviu também para mostrar a estirpe davídica de Maria, cujos descendentes deviam casar-se com pessoas do próprio parentado (Nun 36,8ss). Serviu também para que Maria não fosse acusada de adultério. Serviu para que na fuga para o Egito, Jesus e Maria tivessem um protetor e um sustentáculo. Também porque Jesus sendo homem igual a nós em tudo menos no pecado, quis o amor de um pai e uma mãe. Portanto, entre José e Maria reinava uma profunda união de amor, afeto, em vista do profundo amor consumado por Jesus. Para que Jesus tivesse descendência davidica.

5. MATRIMÔNIO EM ORDEM DA ENCARNAÇÃO

O matrimônio de José e Maria foi em ordem da encarnação porque Jesus nascendo numa família, teria o aconchego de um pai e de uma mãe; assim como teria-lhe assegurado a descendência davídica.

José foi o “verdadeiro” pai de Jesus, ele recebeu o comando do anjo de dar-lhe o nome, ele é chamado de pai de Jesus. O título de pai de Jesus não é vazio, foi confirmado pelo Espírito santo, Deus o quis partícipe da responsabilidade paterna, para com Jesus em tudo, exceto na geração carnal, portanto, José condivide com Deus toda a realidade do significado do título de pai. Jesus reconheceu José como sendo seu pai aqui na terra, sujeitou-se a ele, obedecendo-o e respeitando-o . José deu a Jesus não só o título davídico, indispensável para ser o Messias, mas também deu-lhe como qualquer ouro, pai o “estado civil, a categoria social, a condição econômica, a experiência profissional, o ambiente familiar, a educação humana” (P VI).

6. PATERNIDADE LEGAL

A paternidade legal de José foi sobrenatural, por isso ela não é uma diminuição, mas um caráter de maior grandeza e dignidade; José não tem nenhuma participação no nascimento de Jesus, mas ele é tudo na descendência legal.


7. VÁRIOS TÍTULOS DE PATERNIDADE

Pai Legal – que se acreditava que Jesus era filho de José.

São vários os títulos dado a José em vista de sua paternidade, tais como:

- Pai Nutrício - aquele que o nutriu, o criou;

- Pai Putativo – (Ut Putabantur Lc 3,23) exprime ainda pouco de sua paternidade, prova-se somente porque José colocou o nome em Jesus.

- Pai Adotivo – tornando-se em virtude da Lei.

- Pai Vigário – fez as vezes do Pai Celeste.

- Pai Virginal – determina a natureza da paternidade de José.


De todos estes títulos o que ainda expressa melhor é o Pai Putativo.


8. AMOR PATERNAL

José tinha um amor de pai para com Jesus, sua presença na vida de Jesus influenciou positivamente na formação psicológica e humana de Jesus criança, tanto é verdade que “São José será o tipo do Evangelho que Jesus, depois de deixar a pequena cidade de Nazaré, anunciará como programa para a redenção da humanidade” (P. VI).

José foi o único que com Maria o acariciou no seu seio paterno (Pio IX). São José, teve salvo sua virgindade, tudo aquilo que é próprio de um pai (São João Crisóstomo).

São José é o pai de Jesus tanto mais realmente quanto mais castamente (Santo Agostinho).


9. SUA DÚVIDA

Quando soube que Maria estava grávida, devido a sua humildade, achou-se indigno de compartilhar a sua vida com ela. Alguns chegaram até afirmar que José suspeitou algo de errado em Maria, e por ser justo não viu outro caminho a não ser abandoná-la secretamente, mas tal suposição não é digna nem para José nem para Maria. Outros ainda afirmam que José não compreendia o mistério que estava passando, e viu o melhor caminho deixá-la, para não difamá-la. Outros ainda dizem que São José não conhecia nada do significado do acontecimento, então cala-se.


10. SUA MISSÃO

A missão de José foi única, cheia de glória, embora toda silenciosa, quase desapercebida. Colaborando no grande mistério da encarnação do Filho de Deus, torna-se aquela sombra opaca ao redor de Jesus, para “cobrir os raios daquele sol divino, mais do que para absorvê-los e refleti-los”. Sua vida não teve outro sentido, a não ser estar totalmente ao serviço do Menino e de sua Mãe, colocando-se à disposição sua liberdade, sua legítima vocação, sua fidelidade conjugal, aceitando o peso da família, renunciando ao amor matrimonial.

Assumindo sua missão, ele: “fez oblação de si próprio, de seu coração, de todas as suas capacidades, no amor colocado ao serviço do Messias germinado em sua casa” (P VI). Sua missão foi desenvolvida numa obediência incondicional à vontade de Deus. Amando Jesus como pai, pensando só nele e vivendo só para ele. Sua missão foi diferente daquela dos outros santos e anjos, pois ela tem um caráter distintivo, ela diz diretamente à pessoa de Jesus. Sua missão está unida diretamente e humanamente a Jesus, com uma união sem precedentes.

José foi o educador por excelência de Jesus, deu-lhe a formação religiosa, uma profissão e tudo aquilo que era necessário para o seu crescimento.


11. SÃO JOSÉ IDOSO?


São José ao longo de muitos anos foi apresentado como sendo um velho de cabelos brancos e barba branca, carregando um bastão nas mãos. Esta mentalidade propagada por tantos séculos, foi inclusive defendida por muitos padres da Igreja. Tudo isto foi fruto da influência dos Apócrifos que o pintaram com 80 anos, com o intuito de salvaguardar a virgindade de Maria. Com o grande Josefólogo, Gerson, esta idéia começou a se modificar, passando a ser apresentado jovem, cheio de vigor, em companhia de Maria, na idade própria para o casamento, ou seja, de 18 a 25 anos.

12. SUA MORTE

A opinião mais aceita a respeito da morte de José, é de que ele morreu no início da vida pública de Jesus. A última vez que os evangelhos fazem menção a José foi pela ocasião da perda de Jesus no templo. Em toda a vida pública de Jesus, não se encontra uma menção de José nos evangelhos. São Bernardino de Sena afirma que Jesus concedeu a José o mesmo privilégio que concedeu à sua Mãe, de modos que ele foi assunto aos céus em corpo e alma, esta é também a opinião de muitos outros teólogos e Josefólogos.

Fonte: Centro de Espiritualidade Josefino Marelliana