Uma luz em nosso caminho

Uma luz em nosso caminho

Por Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de 
São Sebastião do Rio de Janeiro

Dentro do tempo do Natal, uma bela festa, que em outras culturas é celebrada com muita solenidade, é a Epifania do Senhor. É festa da universalidade da salvação. Jesus nasceu para todos!


O nome Jesus significa “Deus salva”. O menino nascido da Virgem Maria é chamado “Jesus”, “porque salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1, 21); não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos”. (At 4,12).

A Solenidade da Epifania é mistério de luz, indicada pela estrela que guiou a viagem dos Magos. Mas a verdadeira fonte luminosa, “que das alturas nos visita como sol nascente” (Lc 1,78), é Cristo. No mistério do Natal, a luz de Cristo irradia-se sobre a terra. Ele é a luz do mundo!

A Virgem Maria e José são iluminados pela presença divina do Menino Jesus. A luz do Redentor manifesta-se, depois, aos pastores de Belém, os quais, avisados pelo anjo, vão imediatamente à gruta e nela encontram o “sinal” que lhes fora preanunciado: um menino envolvido em panos e colocado numa manjedoura (cf. Lc 2,12).

Os pastores, juntamente com Maria e José, representam aquele “resto de Israel”, os pobres, aos quais é anunciada a Boa Nova. O esplendor de Cristo, por fim, atinge os Magos, que constituem as primícias dos povos pagãos.

Permanecem na penumbra os palácios do poder de Jerusalém, onde a notícia do nascimento do Messias é levada paradoxalmente pelos Magos, e não suscita alegria, mas temor e reações hostis. Misterioso desígnio divino: “a Luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à Luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3,1).

Anunciar e manifestar Cristo ao mundo é o grande desafio para todos os batizados. Muitos ainda não conheceram Cristo e a milhares de milhares Cristo ainda não foi manifestado. Assim como somos guiados pela luz de uma estrela que Deus coloca em nosso caminho, também somos chamados a refletir esta luz para tantos irmãos e irmãs que necessitam ter suas vidas iluminadas.

Celebramos, assim, a manifestação de Cristo aos Magos, acontecimento a que Mateus dá grande relevo (cf. Mt 2,1-12). O Evangelista São Mateus narra, no seu Evangelho, que alguns “Magos” chegaram a Jerusalém guiados por uma “estrela”.

O Rei Herodes permaneceu muito perturbado com a notícia e concebeu o trágico desígnio do “massacre dos inocentes” para eliminar o rival acabado de nascer.

Os Magos, ao contrário, confiaram nas Sagradas Escrituras, sobretudo na Profecia de Miquéias, segundo a qual o Messias teria nascido em Belém, a cidade de David, situada a cerca de dez quilômetros a sul de Jerusalém (cf. Mq 5, 1). Tendo partido naquela direção, viram de novo a estrela e, cheios de alegria, seguiram-na até quando ela parou sobre uma cabana.

Entraram e encontraram o Menino com Maria; prostraram-se diante d’Ele e, como homenagem à Sua dignidade real, ofereceram-lhe ouro, incenso e mirra.

Esta narrativa real da Epifania é magnificamente importante, porque, neste fato, é anunciado o chamado a todos os povos à fé em Cristo, segundo a promessa feita por Deus a Abraão, sobre a qual se refere o Livro do Gênesis: “Todas as famílias da Terra serão em ti abençoadas” (Gn 12,3).

Portanto, se Maria, José e os pastores de Belém representam o povo de Israel que acolheu o Senhor, os Magos são as primícias das nações, chamadas também elas a fazer parte da Igreja, novo povo de Deus, baseado unicamente na fé comum em Jesus, Filho de Deus.

A Epifania de Cristo é, ao mesmo tempo, Epifania da Igreja, isto é, manifestação da sua vocação e missão universal, ou seja, católica.

A festa da Epifania nos convida a seguir o exemplo dos reis Magos, que, guiados pela estrela, seguiram à procura do Menino, Salvador da humanidade. Agora, Este mesmo Jesus está se revelando para cada um de nós.

O poder e a realeza de Deus estavam presentes no mundo por meio de uma criança aparentemente frágil, porém toda poderosa. E os reis Magos sabiam disso.

Hoje, nós somos convidados a oferecer o que temos de mais precioso: a nossa fé para que Cristo seja testemunhado, vivido e manifestado ao mundo.

Não tenhamos medo de abrir nosso coração para Cristo. Sejamos, portanto, discípulos-missionários a testemunhar Jesus Cristo, com a vida e nossa ação pastoral no mundo em que vivemos.

Por Dom Orani João Tempesta, O. Cist. - Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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