SEUS PRIVILÉGIOS E VIRTUDES


 
Atribuem-se a São José privilégios e perfeições que, na verdade, dificilmente podemos contestar. Entre os muitos privilégios que lhe são conferidos inclui-se o de sua santificação já no seio materno. Tal prerrogativa foi possuída por Jeremias: “Antes que saísse do seio de tua mãe, eu te santifiquei”. Também João Batista teve esse privilégio: “Será cheio do Espírito Santo, desde o seio de sua Mãe “Ora, São José, devido à sua união com Jesus, também não haveria de ter tal privilégio de santificação? Costuma-se ainda atribuir ao nosso Patriarca o privilégio da impecabilidade, atribuição compartilhada por quase todos os autores, que afirmam ter sido ele confirmado na graça e, portanto, evitou o pecado.
Nos evangelhos encontramos a afirmação de que José era “JUSTO”, donde podemos concluir que ele foi a criatura mais perfeita e santa depois de Maria, sua esposa; por isso, é correto afirmar que todas as virtudes resplandeceram de maneira toda particular na alma do castíssimo esposo da mãe de Deus. A fé que, segundo o Concilio de Trento, é a raiz de toda a justificação, é também o fundamento para agradar a Deus e viver na retidão diante do próprio Deus. E ninguém, depois de Maria, possuía uma fé tão viva como José. Basta lembrar que, quando estava na iminência de abandonar a sua esposa, foram-lhe suficientes as palavras do anjo para tranqüilizá-lo. Do mesmo modo, quando o anjo do Senhor lhe ordenou que fugisse para o Egito, ele, por ser um homem de fé, simplesmente obedeceu.
Podemos afirmar, também, que José, depois de Maria, foi entre todas as criaturas o homem que mais amou a Deus. Os santos favorecidos por visões divinas se abrasavam de tão vivo amor por Deus, que quase morriam nos ardores da caridade, num rápido êxtase. O que diríamos de José, que viveu na intimidade com Jesus todos os dias? João, o discípulo amado, teve a honra de reclinar a cabeça no peito de Jesus e se abrasou de amor. Foi o apostolo da caridade. E José? Como pai de Jesus, ele teve o privilégio de ver muitas vezes o próprio Deus recostado e adormecido sobre o seu coração.
A figura rica e fascinante, humilde e singela de José fez com que Gerson (1363-1429), grande teólogo Josefino, defendesse solenemente a afirmação da santificação de José no seio materno, não excluindo, porém a possibilidade de que ele tenha contraído o pecado original. Já no século XIV, os padres Carmelitas usavam um breviário que continha um hino que ressaltava claramente a ausência de qualquer mancha de pecado em Maria e em José. Mas foi São Bernardino de Bustis, morto em 1500, quem ensinou que, assim como Deus quis preservar Maria do pecado original, para que fosse digníssima mãe, assim também quis preservar José da mesma mancha, para que fosse esposo digno e pudesse assemelhar-se, na pureza, a Maria.  
O que podemos declarar seguramente, até o presente momento, é que as opiniões que prevalecem hoje a respeito de São José ainda não têm suficiente fundamento teológico para demonstrar que ele foi concebido sem pecado original; mas também não devemos condenar esta opinião aos que queiram considerá-la provável.
Podemos assegurar, sem sombra de duvida, que as razões da convivência de tal afirmação não bastante forte, mesmo porque muitos autores sérios e profundos consideram que os argumentos em que se baseiam os que negam esse privilégio ao nosso patrono não têm valor decisivo. Sabemos que quinze séculos de cristianismo foram necessários para que a verdade da Imaculada Conceição de Maria se afirmasse triunfal até que tal verdade fosse definida como dogma de fé. Pelo que temos e sabemos, os estudos sobre São José ainda estão nos seus primeiros passos; portanto, não seria licito esperar que também essa proclamação venha um dia a ser definida no seio da Igreja?    

 São José, Fiel Vocacionado Pag. 29  
Pe. José Antônio Bertolin OSJ