Sua Humildade


“São José era homem que falava pouco, mas que vivia intensamente a sua vida, não se subtraindo ás grandes responsabilidades que a vontade do senhor lhe impunha. Ele ofereceu exemplos atraentes de disponibilidade ao chamado divino, de calma em cada acontecimento, e de recurso ao grande meio da oração”.
Toda a sua vida ficou encoberta na penumbra e no silencio; foi uma sombra do Pai eterno no mistério da encarnação. José era nobre, descendente da família de Davi, de Salomão, o mais rico e poderoso rei da terra, no entanto, nos dias de sua vida, a família ilustre real à qual pertencia havia decaído e se encontrava no esquecimento. Quem poderia reconhecer naquele carpinteiro humilde um homem de sangue real da casa de Davi?
José não recebeu nenhuma homenagem dos homens, pois até seus contemporâneos, ao se referirem a Jesus, quando notaram seus grandes feitos e prodígios, indagavam: “não é este o filho do carpinteiro?” Tanto por ocasião da visita dos reis magos a Jesus em Belém, como na sua apresentação no templo ou no seu encontro entre os doutores, todos ficavam admirados com tudo o que Jesus era e realizava e o louvavam. José, porém sempre se manteve em segredo e em silêncio.   
Mas a maior prova de humildade José a deu quando Maria, após receber o anuncio do anjo sobre a encarnação de Jesus em seu seio virginal, deixou na perplexidade e na angustia sua alma. Por ser homem justo, como dizem os evangelhos, José resolveu deixá-la secretamente. Alguns interpretam a sua decisão de deixar Maria como se ele pensasse desse modo por suspeita ou por erro de julgamento a respeito de sua esposa. Tal afirmação e interpretação é indigna tanto de José quanto de Maria. Ele nunca duvidou de sua castíssima esposa, de sua pureza e de sua conduta, mas, sim, viu-se diante de um grande mistério que o encheu de temor.
Portanto, sua dúvida, como acenamos, não se referia à fidelidade de Maria, e sim à conveniência da sua presença debaixo do mesmo teto. “qual era o seu dever? Era digno de impor a sua presença à mãe de seu Deus? O Senhor tinha vindo tomar posse do seu reino. Qual atitude devia assumir diante daquela visão divina?” Na opinião do teólogo Pe. Sauvé, a dúvida de José em deixar Maria é que ele, “temendo ser um obstáculo à ação de Deus sobre Maria, decide afastar-se dela, despedi-la e restituir-lhe a liberdade”. Outros teólogos opinam, ainda, que José teve conhecimento do mistério da encarnação antes mesmo que o anjo o avisasse, mas que por humildade quis deixar sua esposa. Esse aspecto particular da fisionomia de São José, cultivado no silencio e na humildade, nos enche de coragem e nos deve trazer contínuas inspirações para imitá-lo.
 
São José, Fiel Vocacionado pag. 30
Pe. José Antonio Bertolin OSJ