A Igreja celebra nesta sexta-feira, dia 19, a festa de São José, guarda de Jesus e esposo da Virgem Maria. Pareceu-me oportuno tecer algumas considerações sobre o Padroeiro da Igreja.
Em Nazaré da Galiléia, a 5 de janeiro de 1964, por ocasião de sua visita à Terra Santa, o Santo Padre o Papa Paulo VI pronunciou alocução que ficou famosa, sob o título de "As lições de Nazaré". Tanto que um trecho deste memorável discurso do sofrido antecessor de João Paulo II faz parte do Ofício Divino no Domingo da Sagrada Família.
Em José, o casto esposo de Maria e guarda providente de Jesus, cognominado de "Redemptoris Custos" ("O Guarda do Redentor" ) pelo Papa atual, em sua carta encíclica sobre o santo patriarca, nós encontramos vividas as três grandes lições de Nazaré: silêncio, trabalho e vida familiar.
Ele foi o santo do silêncio. Diante dos evidentes sinais da misteriosa maternidade virginal de Maria, José, o homem justo, soube guardar silêncio heróico, que muito lhe custou. Em todo o evangelho, não se lê uma única palavra sua, nem na busca de uma pousada em Belém para Maria, que estava para dar à luz o Deus Menino, nem diante dos pastores e dos Magos que vieram adorá-lo, nem na fuga para o Egito, nem na perda de Jesus no Templo aos 12 anos (só Maria fala em nome dos dois), nem, afinal, nos longos anos vividos em Nazaré, com Maria e Jesus, criança, adolescente e homem feito. São José é o santo do silêncio, patrono da vida contemplativa. Paulo VI chama o silêncio "a admirável e indispensável condição do espirito, na vida moderna barulhenta e hipersensibilizada". E que São José com seu silêncio "nos ensine o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Que ele nos ensine a necessidade da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus escuta no segredo."
São José é o santo do trabalho. É o operário humilde, o carpinteiro que com o suor de seu rosto, com sua fadiga de trabalhador braçal, manteve Jesus e Maria. É o operário-modelo, que soube fazer do trabalho oração, que santificou a fadiga diária e teve a honra inaudita de ver Jesus chamado "o filho do carpinteiro". O Papa Paulo VI diz em sua alocução que gostaria de "compreender e celebrar a lei, severa e redentora do trabalho humano", lembrando que "o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que sua liberdade e nobreza resultam dos valores que constituem o seu fim". Todo trabalho, mesmo o considerado mais humilde, é nobre e nobilitante. O trabalho, também o trabalho braçal, dignifica o homem, que faz dele o seu sustento, a manutenção de sua família ou a sua busca de melhoras na vida. O trabalho de José de Nazaré tinha aquela característica, que João Paulo II destacou em sua visita a Maceió: "O trabalho humano deve revestir-se de amor, sobretudo naquele espaço vital, no qual se vive em comum como família: o casal e os filhos" (19/10/1991).
Santo da vida familiar, São José nos mostra a família - diz o Papa Montini - como "comunhão de amor, em sua beleza simples e austera, seu caráter sagrado e inviolável". Dele ainda "aprendemos a função primária e insubstituível da família no plano social." A Sagrada Família de Nazaré, dizia alguém, repete na terra a união e o amor que constituem no céu a Trindade Santa. Nos dias de hoje, quando a família está sendo cada vez menos valorizada, cada vez mais atacada em sua pureza e santidade originais, com o divórcio, as uniões eventuais sem compromisso e até a legitimação das uniões homossexuais, os cristãos mais e mais se devem voltar para o exemplo ímpar da família de Nazaré. Lá reinava a paz, o amor verdadeiro e puro.
Que São José vele sobre a família brasileira, preservando-a dos males de nossa época e dando aos nossos jovens o sentido verdadeiro do amor e do sagrado matrimônio.